26/05/2011

Inocência


Decidi fazer aquela viagem que tantos anos evitei porque a achava demasiado longa. Mas soubesse eu hoje guiar-me sob a inocência de uma criança! Ter ainda a minha ingenuidade de menina!

Uma criança quando quer, quer porque quer.
Sonha, idealiza e concretiza! Uma criança não conhece o NÃO. Chora, faz birra, espezinha-se no chão... o tempo que for preciso, para ter o quer!

Uma criança não sabe o que é não ser capaz. Como uma criança só (ainda) sonha, a única verdade que ela quer alcançar é ter o que sonhou! Sabe lá ela que aquilo, isso que ela sonhou, não existe...! Claro que existe! E só desiste quando tiver!

Por isso, hoje, para viajar pelos trilhos da minha própria vida, precisava sentir como menina, ver como menina, pensar como menina...
E precisava tanto chorar como menina! Chorar de persistência, teimar, bater com o pé... e gritar: "Eu quero chegar ao fim!!!!" E dar um pontapé na pedra da insegurança, pisar até enterrar o medo, saltar sobre  o cansaço, amassar o desânimo e, ainda que a chorar, chegar ao fim da jornada! Porque eu saberia que o fim me iria calar e era esse mesmo fim que me iria fazer pular de alegria!

A criança que hoje me apetce ser ainda não percebeu que basta querer ser criança, para o ser...

O caminhada continua. E o fim...?! Fica ao virar da esquina... porque eu quero!

18/05/2011

E-Motion


Nada como a decomposição da palavra Emotion, para descrever o que são emoções.

Emoção não é mais que energia (E) em movimento (Motion).

Se retraírmos as nossas emoções estamos a crucificar, a bloquear, a energia.
A energia não é estática, a energia é dinâmica, a energia move-se, formata-se, toma formas...
Grande parte dos nossos problemas (de saúde, comportamentais, sociais) devem-se a emoções que não se movimentam.
A cada dia permito-me reactivar todas aquelas emoções que estão aqui, no meu coração, paradas... presas, acorrentadas... E tantas emoções eu quis expressar e, ou não tive coragem, ou verbalizaram-se no sentido oposto.
Tantas vezes quis dizer AMO-TE e apenas disse amo-te.... tantas vezes quis dizer EU SINTO e apenas disse EU QUERO, tantas vezes quis dizer EU ACEITO e apenas disse EU PERDI. Tantas vezes quis dizer ESTOU TRISTE e apenas disse ESTOU MAGOADA... e por isso tantas vezes eu não chorei, e por isso, tantas vezes não pude ver a alegria.

Hoje, disciplino a minha mente. A mente carece de um comando, mas um comando que se governa por Leis Divinas ... e por isso, hoje falo com a minha mente e digo-lhe: " - Aquieta-te, eu gosto de ti tal como foste, tal como és...e por isso ouve o que o meu coração te diz e sossega. " E a minha mente, o meu ego, harmoniza-se.

Hoje o meu coração trauteia serenidade e o meu ego pacifica-se...

11/05/2011

Já não há heróis


Já não há heróis que consigam levantar a moral dos impérios caídos.

Já não há heróis que consigam cair sobre os feitos conquistados.

Porque os heróis pensavam conquistar o alto através da guerra.

Os impérios caíram porque eles continuavam heróis... heróis de luta, do conflito. E claro, a moral caíu.

E o que desabou porque o conflito matou não pode mais erguer-se... Poderei erguer-me porque nessa guerra me amputaram a moral? Antes me tivessem amputado as pernas! É que sem pernas eu poderia ainda ver... Sem moral, continuo caída. Bati com a cara no chão e não vejo nada....!

E digo eu que me aniquilaram a moral...! Degolaram-me foi a alegria..! E eu... sinto-me profundamente triste....

E foi isso que hoje aprendi. Não é a moral que cai porque me trespassaram as pernas e eu caí... Eu caí porque o conflito em que vivo não me deixa ver que para ganhar eu preciso cair! 

Os heróis de hoje regozijam-se na queda, celebram o choro, brindam à dor e cantam sob as lágrimas!

Os heróis de hoje não sabem o que é a desventura porque esta, para eles, não existe. Existe apenas mais um encontro... com o desconhecido talvez... mas é apenas só mais um encontro. E tudo o que o herói encontra, vê nisso um ponto de referência, que já constava no seu mapa de orientação para não se perder... não se desviar... do seu propósito.

É que os heróis de hoje já não conquistam Impérios. Os heróis de hoje conquistam Templos. Os heróis de hoje percebem que o maior Templo são eles mesmos. E por isso, os heróis de hoje sorriem, não oprimem. Os heróis de hoje enfrentam, não receiam. Os heróis de hoje aceitam, não conquistam. Os heróis de hoje choram, não resistem.

Os heróis de hoje sabem que a sua cruzada é aquela que os conduz para longe desses Impérios. Os heróis de hoje sabem que a Graça está no sentir de cada seixo que lhe agonia os pés. Os heróis de hoje sabem que vencem quando carpem e celebram porque valeu a pena!

Vamos ser heróis ... e conquistar a moral.  


09/05/2011

Não Sei


Há momentos que não sei se é o AMOR que sobe ou é o CÉU que desce. Talvez se encontrem algures e se fundam um no outro... mas isso ainda não sei bem ao certo.

Não sei se quando perco a alegria, embora sorrindo por fora e dilacerada por dentro, foi o AMOR que subiu demais ou se foi o CÉU quem me tirou o júbilo para melhor o saber encontrar.

Não sei se quando não dou aquele beijo ao meu filho, é o AMOR que se eleva e me explica que preciso de me bem-querer para assim sentir uma vontade insaciável de beijar... seja quem for...! Ou se é o CÉU que me avisa de que nada vale beijar um pequeno amor se da minha boca só sai o fel.

Não sei se quando não atendo aquele telefonema é o AMOR, que de tanto subir até dele já me esqueci,  e por isso me roga para o atender... Ou se é o Céu que desce, me mordaça o impulso de dizer: "-Estou?", poupando-me a conversas desnecessárias, a histórias infertéis e a desatenções fatais.

Não sei se quando "ele" partiu e bateu com a porta, foi o AMOR que emergiu, subiu até ao meu coração e expulsou toda a escuridão que o ensombrava.... Ou se foi o Céu que desceu e abriu a porta para "ele" sair.

Não sei se quando me sinto perdida, sem saber de que lado nasce o sol, a ponto de nem saber se algum dia o sol existiu... é o AMOR que está prestes a erguer-se e a invadir-me com a sua força e a empurrar-me para o início de uma nova partida, a postes ao primeiro sinal sonoro, não importa para que direcção.... Ou se já estou no Céu, porque ele já desceu... e ainda não lhe encontrei os cantos da casa.

Não sei se alguma coisa sei porque ainda me acorrento à ânsia de tudo querer saber...

07/05/2011

As Tempestades da Vida

Tantas vezes a tempestade se assola e apanha-nos totalmente desprevenidos, bem no meio da travessia.

Nessas alturas é tão difícil lembrar que mesmo ali, nesse momento, não estamos sós.

As faíscas travam-se à nossa frente pela luta feroz de duas nuvens negras que mesmo ali se chocam... As lágrimas que largam embatem no nosso rosto, com uma tal intensidade que mal conseguimos respirar!

E parece que nunca mais passa e achamos que vamos ficar ali mesmo, para sempre...

Uma coisa sabemos: a tempestade não durará sempre... O que fazer depois? Sabemos lá... afinal só depois da tempestade passar é que vamos ver os estragos e ver o que podemos reconstruir.

Mas também sabemos outra coisa: o que reconstruirmos será de tal forma forte, protector, que pelo menos para uma tempestade semelhante já estamos preparados e outra igual a essa já não nos fará cair...

04/05/2011

Dei-Te quase tudo


Foste entrando sem pedir,
e marcaste os Teus sinais.
Tatuaste a minha vida
a ferro e fogo e muito mais...
Vasculhaste os meus segredos...
e eu deixei!
Sem reverdes nem pudor!
Invadiste os meus sentidos
o qu'eu não fiz por AMOR
e deixaste a minha vida meia perdida
neste beco, com saída, mas que ainda não encontrei.
Dei-Te quase tudo
mas que parece que nada foi demais...
Deste-me esses sinais, aqueles sinais,
Mas não os leves!
Obrigaste-me a quebrar todas as leis
e deixaste-me ao sabor da loucura
dei-Te os dedos e os anéis
e o que tinha de melhor
Entreguei-Te a minha alma,
mas preciso dos Teus sinais!

02/05/2011

Como me Tornei Louco

Um texto que, simplesmente, adoro... e me conduz à reflexão...

Começa assim...



Perguntaram-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito antes de terem nascidos os muitos deuses, acordei de um longo sono e descobri que todas as minhas máscaras me haviam sido roubadas - as sete máscaras que eu havia concebido e que havia usado nas minhas sete vidas -; sem máscara, corri por entre as ruas apinhadas gritando: "Ladrões, ladrões, amaldiçoados ladrões."

Homens e mulheres riram-se de mim e alguns, com medo, correram para suas casas.

Foi então que cheguei a um mercado; um jovem que estava num telhado, gritou: "Ele é louco." Olhei para cima para o observar; o sol tocou-me a face nua pela primeira vez.
Pela primeira vez o sol toucou-me a face nua e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não quis mais saber das minhas máscaras. Como se estivesse em transe, gritei: "Abençoados, abençoados sejam os ladrões que roubaram as minhas máscaras."

E assim me transformei num louco.

E, na minha loucura, encontrei tanto a liberdade como a segurança; a liberdade de solidão e a segurança de não ser compreendido, porque aqueles que nos compreendem escravizam uma parte de nós.

Mas não quero ficar demasiado orgulhoso com a minha segurança, porque até um ladrão encarcerado corre o risco de ser roubado por outro ladrão."

Sinais



Logo de manhã, raiava o dia há pouco menos de duas horas, já o sol se manifestava de forma pouco envergonhada.
O sol é das energias melhores que a natureza nos dá. E deparei-me a contemplá-lo e a agradecer...
Que bom! - pensava eu...
De repente, um arco-íris!
Não era possível! Não chovia, nenhuma nuvem cinzenta ameaçava o brilho de tão grande estrela e duvidei do que via.
Parei na área de serviço mais próxima, virei o carro para nascente, saí do carro e com pés em solo firme, certifiquei-me do que tinha avistado... E lá estava: um enorme arco-íris, onde se via o semi-arco, a completar o feixe de luz emanado pelo sol!
Não queria acreditar... mas ele estava ali!


(era exactamente assim)

Para mim, o arco-íris tem enorme significado energético. É o divino a falar com a matéria, a dizer-me que a comunicação entre um plano e o outro está estabelecida, sendo o arco-íris a ponte dessa comunicação.
Não pude ficar mais feliz! E mais uma vez, agradeci.

Já no carro, ainda meia embriagada com a mensagem celestial que acabava de me ser ditada... onde me apetecia tudo menos fazer 100 km, enfrentar uma manhã árdua de trabalho, compenetrar-me a 100% nos egos que me aguardavam, resolvo ligar o rádio a fim de encontrar uma estação de rádio que acalmasse a minha excitação. Sem fazer qualquer busca, a música que tocava era nem mais nem menos que:  "somewhere over the Rainbow - Israel IZ Kawakawiwo 'ole"!!!
Aí não resisti: chorei de verdade!!! A comoção alagou o meu coração e as lágrimas saltaram por já aí não caberem!




Mas como o equilíbrio é a chave do nosso bem estar e não fosse eu ficar em transe com tantos sinais, eis que surge outro, o meu sinal de sempre, que me informa que nova página do livro que é a minha vida vai virar, dando lugar a novo capítulo onde, mais uma vez, serei a protagonista, narradora... e inspirada em factos desta realidade!

Antes, isto assustava-me tanto...!
Hoje sei que nada nos é dado que não consigamos ultrapassar... e por isso, voltei a agradecer!
Restabeleci os índices de adrenalina e lá continuei o périplo com destino à bela cidade de Coimbra.
E mesmo lá... o Céu não se cansou de me falar...!

A maior dádiva é de facto estarmos em estreita conexão com o sagrado e trazer esse sagrado para junto deste profano que não podemos evitar de estar...

Por vezes, apetece muito não atravessar a ponte rumo ao efémero... mas é de facto na matéria que semeamos a versão eterna da nossa existência. Tantas vezes me esqueço disso... e hoje, Deus lembrou-mo...