02/05/2011

Como me Tornei Louco

Um texto que, simplesmente, adoro... e me conduz à reflexão...

Começa assim...



Perguntaram-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito antes de terem nascidos os muitos deuses, acordei de um longo sono e descobri que todas as minhas máscaras me haviam sido roubadas - as sete máscaras que eu havia concebido e que havia usado nas minhas sete vidas -; sem máscara, corri por entre as ruas apinhadas gritando: "Ladrões, ladrões, amaldiçoados ladrões."

Homens e mulheres riram-se de mim e alguns, com medo, correram para suas casas.

Foi então que cheguei a um mercado; um jovem que estava num telhado, gritou: "Ele é louco." Olhei para cima para o observar; o sol tocou-me a face nua pela primeira vez.
Pela primeira vez o sol toucou-me a face nua e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não quis mais saber das minhas máscaras. Como se estivesse em transe, gritei: "Abençoados, abençoados sejam os ladrões que roubaram as minhas máscaras."

E assim me transformei num louco.

E, na minha loucura, encontrei tanto a liberdade como a segurança; a liberdade de solidão e a segurança de não ser compreendido, porque aqueles que nos compreendem escravizam uma parte de nós.

Mas não quero ficar demasiado orgulhoso com a minha segurança, porque até um ladrão encarcerado corre o risco de ser roubado por outro ladrão."

3 comentários:

  1. Passei, li e fiquei a pensar
    Um beijo

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  2. ... também fico a pensar sempre que leio este texto... Se o calhar o intuito é mesmo esse: deixar-nos a pensar... silienciar a mente e... deixar fluir.

    Beijinhos

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