13/04/2011

Ego, meu querido...

Tenho um lado selvagem disfarçado de sociabilidade, cheio de regras e conceitos, cheio de princípios, cheio de pressupostos que me guiam e que me asseguram ser esse o meu lado autêntico.
Mas o meu original lado selvagem não pôde crescer, não pôde afirmar-se… e ficou menino.
O lado que desenvolvi, como sendo o correcto, o genuíno, o inequívoco, não é mais que um disfarce, uma indumentária que eu criei para ser, para estar, para me exprimir e me tornar naquilo que eu não acredito, naquilo que me convenci que eu era, naquilo que os outros me aceitam…
E nasceu uma nova personagem, que está dentro de mim, que me comanda… que é o Ego.
O Ego é meu irmão… não de sangue, mas de vivência; sempre comigo, a dizer-me que quando respiro fundo, quando suspiro, isso quer dizer angústia; a dizer-me que quando choro, tenho que ter força para ultrapassar, pois chorar é fraqueza; a dizer-me que não posso apaixonar-me, porque isso traz-me sofrimento; a dizer-me que eu não mereço sofrer e por isso interroga-me pelo que terei feito de errado; a dizer-me que eu não posso falhar, não posso errar, pois serei culpada do resultado que obtiver…
O Ego faz-me muita companhia, de facto. Mas a verdade é que também não me deixa crescer. Ele sim, cresceu… Mas abafa-me, sufoca-me… E aquele meu lado selvagem, que permaneceu criança, já nem selvagem é… É ingénuo, é inocente, sente como menino, abraça o Mundo através do sonho… porque só o sonho o Ego não comanda, não se intromete.
Todavia, não posso despedir o meu Ego. Ele celebrou comigo um contrato vitalício de constantes e profícuas provações…  Ele existe para me ajudar a dar voz ao lado inocente que eu tenho. E a vida, na verdade, é um jogo constante de equilíbrio entre os opostos… o meu Ego é um desses opostos, que me auxilia no encontro do equilíbrio.
Tal como eu, a minha criança, ele também precisa respirar… não a densidade, mas a Luz que eu insisto em não lhe dar a beber…
Hoje, comecei o dia a dar-lhe a luz do sol e é vê-lo calmo e sereno!
Afinal, o Ego não passa de uma criança grande, em estado selvagem, a precisar que eu o lapide, a precisar de ser areado… para que a minha Luz o invada…

2 comentários:

  1. :) ... Anda vem daí vem brincar... de mãos dadas para juntos crescermos...

    Beijinho enorme
    Sempre amiga
    Isabel R.

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  2. É isso mesmo, querida Isbelinha... de mãos dadas, dançar ao som da vida!
    Um beijinho grande

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